por Joana Cavinatto
Na contramão do relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) na semana passada, na Suécia, Luiz Carlos Molion é um dos poucos que discordam daqueles que ele qualifica como "ambientalistas radicias". Com um currículo extenso, como PhD em Meteorologia pela University of Wisconsin, EUA; pós-doutor em Hidrologia de Florestas pela Institute of Hydrology, Reino Unido; professor e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas e representante da América Latina na Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Molion defende que o homem e suas emissões de gases na atmosfera são incapazes de causar um aquecimento global.
Segundo Molion, o homem tem uma capacidade destruidora muito grande: ele desmata e ele expõe os solos. Mas em ponto de vista global, não afeta o clima. A variabilidade é natural. O clima da Terra é controlado pelo sol, que tem a sua variação em ciclos, e controlado pelos oceanos, que cobrem 71% da superfície terrestre e são grande reservatório de calor. Quando as temperaturas da água sobrem, na superfície sobe também.
"O que eu defendo é que esse aquecimento global, que já terminou em 1998, último ano quente que tivemos, não foi produzido pelo homem. Passamos por períodos de aquecimento e períodos de resfriamento. É natural isso, o homem não tem influência", disse em entrevista ao programa Canal Livre, da Band. "Nós já passamos por um período de resfriamento, na metade dos anos 40 até 1976. Foram 30 anos em que houve um resfriamento global". Nessa época, Molion fazia seu doutorado nos Estados Unidos, onde os cientistas diziam que a Terra estava entrando em uma nova Era Glacial.
Entretanto, em 1977, os oceanos começaram a aquecer. E isso influenciou no aquecimento também da superfície terrestre, que durou até 1998. "Estão atribuindo (o aquecimento) ao homem, pela liberação de CO2. Esse aquecimento é natural, e já terminou", confirma. Segundo ele, a partir de 1999 entramos em um resfriamento global, que deve se prolongar por 20 anos.
Gás carbônico não influencia o clima
Molion afirma categoricamente em diversas entrevistas que a emissão de CO2 não influencia nas mudanças climáticas. Uma prova disto é o período que ele apontou anteriormente, o pós-guerra de 1946 a 1976. Após a Segunda Guerra Mundial, houve um estouro da indústria. Mais fábricas, mais geração de energia, mais liberação de gás carbônico na atmosfera.
Ao invés do aquecimento imaginado, neste período houve um resfriamento global. "Portanto, o CO2 é um produto, uma resposta. Aquece primeiro, e depois aumenta", conclui.
Ainda em defesa à sua tese, Molion destaca um artigo publicado na revista Nature em novembro de 2012. De acordo com pesquisadores, os últimos três períodos interglaciais na Antártica, que ocorreram há 130 mil, 240 mil e 360 mil anos atrás, foram de 6ºC a 10ºC mais quentes do que hoje, e a concentração de CO2 era 30% menor. "E aí você não pode dizer que naquela época o homem interferia", desafia.
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Autor: por Joana Cavinatto