Áreas semeadas de forma mais precoce estão em estádio R1, fase que requer ainda mais atenções no campo contra ferrugem asiática
A sojicultura 2013/14 começa a tomar forma em Mato Grosso. O Estado que lidera a produção nacional da oleaginosa está com lavouras em fase de floração, no primeiro estádio da reprodução das plantas, o chamado R1. Os cultivos feitos no início da segunda quinzena de setembro, especialmente em Sapezal (470 quilômetros ao noroeste de Cuiabá) - aonde se registraram as primeiras semeaduras da nova safra – exibem plantas vistosas e que já na virada do ano começarão a ser colhidas.
O coordenador da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal do Ministério da Agricultura no Estado (CDSV/Mapa), Wanderlei Dias Guerra, que retornou a Sapezal nesta semana, destaca o estádio R1 das lavouras e frisa que neste momento se deve redobrar à atenção e o monitoramento – que está ou deveria estar sendo realizado pelo produtor em razão dos inúmeros registros de presença da Helicoverpa, inclusive a armigera, a mais severa desta espécie de lagartas – junto às plantas, porque nesta fase de reprodução a planta se torna mais suscetível e qualquer adversidade pode impactar na formação das vagens e dos grãos, ou seja, sobre a produtividade. "Além disso, com a regularização das chuvas e as altas temperaturas, temos um ambiente ideal à proliferação da ferrugem asiática". Mato Grosso ainda não teve registro da doença fúngica nesta temporada. "O produtor que visitamos em Sapezal havia feito a primeira aplicação de fungicida. A pulverização com as linhas fechadas, ou seja, com a planta maior, torna o controle da doença mais complexo".
APRENDIZAGEM – Para Dias Guerra a safra 2013/14 está sendo um aprendizado diário. "É um ciclo de desafios que precisamos superar, neste caso aprender com a Helicoverpa. Mesmo tendo sempre alguma hipótese sobre determinada situação que encontramos no campo, há ocorrências que me deixam sem respostas, neste acaso, para explicar a presença da lagarta em algumas fazendas". Em Diamantino, por exemplo, ele se deparou com uma área que foi arada 30 centímetros e também gradeada duas vezes para correção de perfil do solo e mesmo assim, com a pressão mecânica pesada no solo, o talhão em questão teve os maiores índices de Helivoverpa. "Para piorar a análise deste caso, essa extensa área não tem nenhuma planta guaxa por perto, aquela que nasce de forma voluntária e que poderia ter servido de abrigo e alimento às lagartas de uma safra para outra".
Ainda sobre a Helicoverpa, depois de coletar amostras de lagartas no início de outubro e confirmar a existência do gênero armigera, Dias Guerra disse que a situação está mais tranquila nesta lavoura de Sapezal. "Isso graças aos técnicos e produtores do Grupo Papagaio de Monitoramento e Controle Integrado que receberam o treinamento para monitorar essa e outras pragas. Esse grupo foi formado na região que tem o rio com o mesmo nome e está sendo um exemplo de esforço conjunto para disseminar conhecimentos e ações, especialmente contra a Helicoverpa". O Grupo cobre uma extensão de cerca de 100 mil hectares na região.
Diário de Cuiabá
Autor: Marianna Peres