Praga, que já infestou as lavouras do Mato Grosso e da Bahia, começa a afetar as plantações de algodão e grãos
O aumento da infestação das lavouras com a lagarta Helicoverpa armigera em Minas Gerais, principalmente em regiões fronteiriças aos estados do Centro-Oeste, está levando apreensão aos produtores do Estado. Devido ao alto risco de perda da safra de grãos 2013/14 - milho e soja - e, principalmente, o algodão, autoridades do Estado deverão solicitar ao governo federal que seja decretada situação de emergência fitossanitária em 86 municípios do Estado, para minimizar os prejuízos causados pela praga.
De acordo com o presidente da Comissão de Grãos da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Claudionor Nunes de Morais, a situação em algumas regiões do Estado é considerada crítica, já que a infestação com a lagarta ocorreu antecipadamente.
"Este ano, o aparecimento da lagarta ocorreu mais cedo do que o observado na safra passada. Na fase atual, início do desenvolvimento, é mais fácil o controle, porém o grande receio é que com o crescimento e o fechamento da cultura a praga se alastre e saia do controle, o que causaria prejuízos enormes para os produtores. Diante da situação, vamos pedir que o governo do Estado decrete situação de emergência", disse.
Após o decreto do Estado, deve ser encaminhado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) documento relatando a infestação e pedindo para que sejam adotados procedimentos de controle da praga, o que só é permitido quando declarado, oficialmente, o estado de emergência fitossanitária.
Nessas áreas, pode ser feito o uso controlado de inseticidas e outros produtos químicos importados de combate à praga, entre eles, alguns ainda não autorizados para uso contínuo nas lavouras. O respeito ao vazio sanitário, com a interrupção do plantio de cultivos hospedeiros para quebrar o ciclo da praga, e a adoção de áreas de refúgio e rotação de culturas estão entre as medidas recomendadas para o controle da praga.
Emergência - No país, o Mapa já declarou estado de emergência fitossanitária nas lavouras do Mato Grosso, maior produtor brasileiro de grãos, em razão da infestação da lagarta. O Estado foi o segundo, após a Bahia, a decretar emergência.
Outro receio dos representantes do agronegócio mineiro é em relação ao tempo que as empresas fabricantes ou importadoras de defensivos químicos deverão levar para vencer a burocracia federal e conseguir desembarcar e distribuir os produtos no país.
Segundo Morais, os produtores investiram na aquisição de defensivos e estão pulverizando as culturas em um ritmo maior que o utilizado em anos anteriores. Em algumas regiões, apenas um mês após o plantio da soja, já foram necessárias duas aplicações, o que deve ser feito mais três ou quatro vezes até a colheita.
"Um dos defensivos que tem forte ação sobre a lagarta precisa ser importado, e diante o cenário atual, deveria estar disponível no mercado no máximo até janeiro de 2014, porém somente depois de decretado o estado de emergência que as indústrias químicas poderão iniciar o processo de importação. Nosso receio é que o produto não chegue em tempo hábil para evitar perdas expressivas", observa.
Diário do Comércio
Autor: Michelle Valverde