BUENOS AIRES - A área destinada ao trigo na Argentina deverá crescer cerca de 10 por cento, para aproximadamente 4 milhões de hectares no ciclo 2014/15, que está prestes a começar, graças ao alto preço do cereal e boas condições climáticas, disseram analistas do setor agrícola.
Com as exportações de trigo restritas pelo governo, os produtores estão decidindo sobre a área plantada na próxima safra, em que há perspectivas de que o grão esteja valorizado no mercado internacional devido a uma oferta global apertada.
A área com trigo na Argentina diminuiu nos últimos anos, uma situação que a indústria atribui à regulamentação estatal. Um ponto importante é a definição da cota de trigo que o governo liberará para as exportação em 2014/15.
"A produção será pelo menos maior do que nas duas últimas temporadas, o que me faz pensar que no próximo ano (2014/15) vai haver 11,5 milhões ou 12 milhões de toneladas", disse à Reuters o diretor da consultoria Agritrend, Gustavo Lopez, que estimou uma área de pelo menos 4 milhões de hectares.
O Ministério da Agricultura estima a safra de trigo 2013/14 em 9,2 milhões de toneladas, com uma área de 3,65 milhões de hectares.
Segundo os especialistas, um fator de importância quando se planta é o preço do trigo no mercado internacional. Por essa mesma época do ano passado, a tonelada era negociada a cerca de 185 dólares, enquanto atualmente está em torno de 205 dólares.
Uma pesquisa com produtores membros da Associação Argentina de Consórcios Regionais de Experimentação Agrícola (AACREA) mostrou que em 2014/15 o plantio de trigo aumentaria em 17 por cento.
Outros são menos otimistas, mas certamente estimam crescimento.
"Haverá um aumento na área, basicamente devido ao nível de preços, que tem sido muito bom na última temporada. Eu calculo que poderemos ficar entre 5 e 10 por cento em relação ao ano passado", disse Ricardo Baccarin, analista da consultoria Panagrícola.
Outro fator importante quando se planta é o clima. Amplas chuvas desde o início deste ano na principal região agrícola da Argentina, que causaram complicações para a soja e para o milho, recuperaram as reservas do solo, deixando-o em uma situação ideal para o trigo.
"Hoje estamos vendo muito boas condições ambientais para semear e perspectivas climáticas favoráveis ??durante as fases reprodutivas da cultura são esperadas", disse o analista Esteban Copati, da Bolsa de Cereais de Buenos Aires.
"Mesmo muitas áreas que sofreram com altas temperaturas e estresse hídrico no final de dezembro e início de janeiro hoje mostram muito boa umidade para a próxima temporada", acrescentou Copati, que disse que nas próximas semanas vai divulgar estimativas preliminares para a safra de trigo.
Em anos recentes, a Argentina tem sido o principal fornecedor de trigo para o Brasil --que precisa importar grandes quantidades para suprir o déficit do seu mercado interno. No entanto, no último ano, a Argentina perdeu para os Estados Unidos o posto de maior fornecedor para o Brasil, devido às restrições aos embarques impostas pelo governo.